A mulher de saltos altos sai à rua quando bem lhe apetece. Não pede autorização. Não requisita o corpo. Sai e pronto.
A mulher de saltos altos é uma mulher bonita. Envolta num perfume que lembra o mais céptico do amor. De passo seguro e leve que lembra à mais esquecida da poder do feminiliadade. E transporta na sua pequena e graciosa mala uma amostra de sonhos e romance.
Não anda de transportes públicos. Pouco anda. Os sapatos esses têm conta passos. Por dia são permitidos 50 passos. Dos pequenos. Tudo acima disso é bem pago. Com uma dor de pés de 3 dias. Pago pela outra. A que anda a pé ou de transportes públicos.
No Domingo saiu à rua pela mão do desejo. Com o Sol a acariciar-lhe a face em tom de romantismo. E o bâton impregnado nos lábios num ensaio de desamores.
Fez a vontade à mãe implacável e exigente que, pelos seus muitos anos, lhe vão apagando lentamente a condição de mulher. E ao marido sequeoso, que meio tonto com a coisa, permitiu-se à cautela e ao título de guardião. Não fosse o desejo virar de outro. E contra ele.
Quando chegou a casa tirou os sapatos mais feliz que ao calça-los. Guardou-os na caixa dentro do armário. Na parteleira de cima.
Despediu-se dela com a sensação que estavam cada vez mais curtos estes espaços entre elas. Mas suspirou numa mistura de felicidade e alívio. E voltou para a cama do lado do seu marido e da sua filha. A pensar na loiça suja e na roupa por lavar. Mas satisfeita por ter feito jus à sua herança.
1 comments:
É supreendente como 1 par de sapatos de saltos altos transforma uma mulher. E tu, de saltos altos fazes mais que jus à feminilidade. Estavas linda naquele dia :***
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